21.10.08

Viva a democracia: Che de volta aos cinemas já!

Anuncio aqui aos sete ventos: há uma mobilização do site MovieMobz em progresso. Nada menos que 36 pessoas já se puseram de acordo para ver Personal Che no Odeon BR, Rio de Janeiro. Seria genial que se conseguisse mobilizar o filme outra vez e ele voltasse às salas do Rio pelo voto democrático de internautas que gostam de cinema.

E como já faz tempo que não ponho vídeos aqui, volto a postar o trailer em português do filme. Na época do lançamento, a versão em inglês, completamente diferente, foi a que circulou mais. Não há qualquer razão pra que a anglofonia continue reinando em assunto tão latino – ainda que o filme seja falado em cantonês, árabe, inglês, alemão e espanhol. :-)




Aqui você vê o trailer em inglês.



E aqui, uma molecagem.

3.10.08

Tutti buona gente


"Um coveiro fracassado?"

Acabo de voltar da Itália, mais especificamente da ilha de Salina, na Sicília, ali perto de Stromboli e do Etna, onde aconteceu o SalinaDocFest, festival de documentário narrativo organizada por Giovanna Taviani (filha, adivinhou, de um dos Irmãos Taviani, Vittorio). O lugar é o sonho de qualquer festivaleiro, não apenas pela ilha ser uma delícia, mas porque o festival apresenta um ótimo panorama da produção documental italiana – que, infelizmente, não chega muito aqui na América Latina. Personal Che, junto com a produção francesa Barcelona ou morrer dirigida pelo senegalês Idrissa Guiro, eram os únicos filmes não-italianos da mostra.

Um tanto por conta das predileções de Giovanna, mas também pelo fato de a Itália estar ligada ao Terceiro Mundo pelo Mediterrâneo, uma das tônicas do festival são os filmes sobre migrações e êxodos. O resultado são diversos filmes extremamente políticos e de denúncia. O vencedor unânime do festival, Como um homem sobre a terra, de Dagmawi Yimer, fala das prisões líbias em que migrantes etíopes a caminho da Itália são detidos, torturados e às vezes mortos – tudo graças a um rentável acordo entre Silvio Berlusconi e o coronel Muamar Khadaffi. O filme aliás, ganhou o prêmio Finesta sul Brasile e passará na Mostra de São Paulo desse ano.

Apesar do tom político do festival como um todo, preciso confessar que a proposta que mais me agradou – tem também o melhor personagem – foi a do documentário Pinuccio Lovero, sonho de uma morte de verão, dirigido por Pipo Mezzapesa (acima na foto, comigo e a produtora brasileira Beth Formaggini). É a prova de que documentário é uma forma de fazer filmes e não um gênero. O gênero dessa pérola, não há dúvida, é a comédia. O filme conta a história de Pinuccio, que aos trinta e tantos decide largar seu emprego para trabalhar como coveiro. Seu grande problema: ninguém morre. O filme registra exatamente sua angustiadamente divertida espera por um cadáver.

O tom, já se pode perceber no trailer, é farsesco, e em nenhum momento o filme se arroga uma autenticidade simulada em planos longos e tempos mortos – algo coerente com a carreira de Mezzapesa, que até esse filme fez apenas ficção. Há um subtexto político? Em se tratando do país com o maior índice de gente na terceira idade, sim, sem dúvida. Mas a questão é só o pano de fundo para um personagem que, antes de mais nada, está ali representando apenas a si mesmo. Enquanto não passa no Brasil (se é que passa), aí vai o trailer.

1.10.08

Chegando cansado


Madri (eu acho)

Este documentarista declara para todos os fins que depois de uma van (40 minutos), um barco (duas horas, três paradas), um ônibus (duas horas), um vôo Catania-Roma (uma hora), um vôo Roma-Madri (duas horas e meia) e um Madri-Cidade do México (10 horas e meia) está relativamente cansado e não se responsabiliza pelas besteiras que falar hoje na primeira projeção de Personal Che durante o festival de documentários mexicano DocsDF. Agradeço a paciência do público pela dose extra de bobagens que certamente serão ditas sobre Che Guevara, América Latina, carisma, política e o século 21.